Akdeniz: Dünya devriminin yeni havzası!

The Mediterranean: new basin of world revolution!

البحر الأبيض: الحوض الجديد للثورة العالمية

مدیترانه: حوزه جدید انقلاب جهانی

Il Mediterraneo: nuovo bacino della rivoluzione mondiale!

Μεσόγειος: Νέα λεκάνη της παγκόσμιας επανάστασης!

Derya Sıpî: Deşta nû a şoreşa cihânê

Միջերկրական ծով: նոր ավազանում համաշխարհային հեղափոխության.

El Mediterráneo: Nueva cuenca de la revolución mundial!

La Méditerranée: nouveau bassin la révolution mondiale!

Mediterrâneo: bacia nova da revolução mundial!

ELEIÇÕES EUROPEIAS: O FERRO E O ALGODÃO

Foi um último período de carência. As eleições para o Parlamento Europeu deram uma última chance ao movimento organizado da classe trabalhadora e à esquerda da Europa antes da tempestade. O movimento proto-fascista, que o mundo inteiro chama persistente e cegamente de “populista”, alcançou grande sucesso nessas eleições, mas mesmo assim esse não foi o tipo de vitória que criará estragos imediatamente. Além disso, o movimento se apresentou em duas chapas diferentes para o Parlamento Europeu, dividido. Assim, a curto prazo, no rescaldo da eleição, seria incorreto dizer que o proto-fascismo criará um perigo imediato para as pessoas na Europa como um todo. Em alguns países, individualmente, a questão pode surgir. Desenvolvimentos podem acontecer em alguns dos países maiores (começando pela Itália, França e Grã-Bretanha, em cada um dos quais os partidos proto-fascistas atingiram o primeiro lugar eleitoral), com o movimento proto-fascista se tornando um elemento importante no dia a dia do país (na Itália isso já tinha começado desde que a Lega de Salvini se juntou a um esquema de compartilhamento de poder e se tornou um partido no poder). Assim, a curto prazo, o perigo está distante para a Europa como um todo, mas a médio prazo esse movimento é um perigo real. Esse atraso no surgimento da ameaça imediata é o que deu ao movimento da classe trabalhadora e à esquerda um alívio muito precioso para a preparação antes do confronto iminente. Vai a esquerda mais uma vez cair no tipo de complacência que foi observada após os revezes relativos sofridos pelo movimento proto-fascista na França e na Holanda em 2017? Nesse caso, ai da classe trabalhadora e dos pobres da Europa e além!

Estas eleições constituíram um marco importante, a nível parlamentar, na ascensão do fascismo, um fenómeno para o qual chamamos a atenção durante décadas (nós do DIP - Partido Revolucionário dos Trabalhadores) e em relação ao qual não nos cansamos de alertar com urgência ao todo o movimento operário desde o início da Terceira Grande Depressão em 2008. A grande mídia europeia (e mundial) está agora hipnotizada pela vitória desse movimento, que todos os comentaristas burgueses, bem como pequeno-burgueses de esquerda, definem em “civilizado termos”, como “populista”, “nacionalista, “de extrema direita”, etc, como se não pronunciar seu nome real, de alguma forma, o eliminasse. Toda a esquerda reformista, liberal-esquerdista, pós-moderna e pós-leninista, que considerava a União Europeia como a solução para os males do mundo, evocando o sonho impossível de uma Europa "social e democrática", enquanto Bruxelas agia ao longo de décadas como o FMI da Europa, deveria, finalmente, cair em si!

A Procura de um Novo Abrigo

Aqueles que se consideram da esquerda preferiram desconsiderar os primeiros sinais da ascensão do fascismo na Europa e, cada vez mais, em outros continentes, abstendo-se de agir para formar uma poderosa barreira antifascista proletária. Sempre procuraram e encontraram desculpas e presumíveis abrigos. O nome do abrigo desta vez é a “onda verde”. O fato de que, na Alemanha, os Verdes ficaram em segundo lugar, pela primeira vez, com uma parcela do voto popular acima de 20%, e o avanço perceptível desse movimento em outros países da EU, resulta em dedos apontando para esse movimento como a panaceia para o crescente fascismo (“populismo” em sua linguagem, é claro). Nós somos um partido que previu, imediatamente após o início da Terceira Grande Depressão, que uma polarização emergiria em torno dos campos do fascismo e da reação política, por um lado, e a ascensão dos movimentos de massa das classes trabalhadoras, levando a revoltas e revoluções, embora sob diferentes formas, dependendo das circunstâncias e tradições de cada região e país. Portanto, não ficamos surpresos quando a mídia burguesa resume o resultado das eleições europeias afirmando que as forças do centro do espectro político sofreram uma derrota, enquanto a extrema direita e a esquerda mostraram um claro avanço.

Mas a verdadeira questão é como avaliar a situação geral. Como apontamos persistentemente no passado, esses dois fenômenos não são independentes um do outro, são os dois polos de uma contradição dialética. É, de fato, o domínio das alas da esquerda simbolizadas pela atual “onda verde”, facilitou a crescente ascenção de proto-fascismo nas fileiras dos trabalhadores e dos pobres. Advertimos contra aqueles que encontram o antídoto contra o veneno fascista dentro do movimento verde: qualquer recurso à palavra de ordem de uma "frente unida contra o fascismo" pondo toda a esquerda sob a hegemonia desta corrente política dominada pela ala “moderna” da pequena burguesia (já podemos ouvir o clamor nesse sentido) levará a luta contra o proto-fascismo para o buraco.

E isso por três razões fundamentais. Primeiro, como já mostramos acima, porque os Verdes (e as correntes de esquerda que estão sob sua hegemonia ideológica) contribuíram involuntariamente para a ascensão meteórica do proto-fascismo na década recente. Ao limitar o horizonte da esquerda a questões de ecologia e de identidade, essas correntes causaram uma quebra com a maioria do movimento da classe trabalhadora. Durante 30 anos de ataque neoliberal e globalista da burguesia, da qual a UE foi e é um praticante líder, os trabalhadores e camponeses pobres que perderam seus empregos, viram o declínio do seu padrão de vida, pioraram suas condições de saúde e seu acesso aos serviços educacionais, e tentaram sobreviver em bairros que se tornaram cada vez mais pobres e inseguros, não viram nenhuma outra mão estendida (com certas exceções de partidos marxistas menores à esquerda) que a dos apelos demagógicos dos movimentos proto-fascistas. O proto-fascismo deve a força de sua base de massa e seu eleitorado aos movimentos de esquerda obcecados pela identidade, que foram cativos da mentalidade liberal e do discurso da "sociedade civil" e que fizeram um fetiche do meio ambiente. Agora, aqueles que se consideram socialistas (não estamos usando o termo no sentido francês ou espanhol de “socialdemocrata”) serão atraídos para o próprio movimento verde ou começarão a estimulá-lo cada vez mais. O resultado final será um novo deslocamento dos trabalhadores e dos pobres para o proto-fascismo. A tarefa fundamental da esquerda socialista é arrancar e a classe trabalhadora e os pobres dos proto-fascistas e conquistá-los para o seu lado.

Em segundo lugar, os Verdes são um partido inseparavelmente ligado à ordem capitalista. Para aqueles que ousam dizer que os socialistas proletários devem trabalhar de mãos dadas com eles, apontamos o caso francês como um entre muitos: naquele país, elementos importantes do movimento verde apoiam Macron. E que estrelas brilhantes, de Daniel Cohn-Bendit ao anterior ministro do ambiente Nicolas Hulot, e ao cineasta Romain Goupil! Com efeito, os Verdes estão sonhando em se tornar a “nova maioria” da Europa de mãos dadas com Macron. Precisa lembrar o leitor que Macron é? Um político burguês que vem travando uma guerra contra o movimento dos Coletes Amarelos nos últimos seis meses, organizando batalhas de rua enviando não apenas a polícia, mas também tropas do exército, em um país que se considera famoso como pays de la liberté. Alguém que é amplamente apelidado de “presidente dos ricos” não apenas pelos pobres, mas também pela mídia burguesa tradicional. Cuidado com aqueles que ousam nos pedir para cantar “No pasarán!” junto com os Verdes que se alinham atrás de Macron!

Terceiro, os Verdes são uma espécie de ópio político nas mãos da ala moderna e abastada da pequena burguesia. As camadas da aristocracia operária que trabalham na indústria e em outros setores que empregam trabalho manual ainda adotam a socialdemocracia como seu canal de intervenção na política, embora em escala cada vez menor. Por outro lado, outras camadas privilegiadas do proletariado, desde os empregados das indústrias culturais até os trabalhadores de escritório de colarinho branco e os relativamente protegidos funcionários do serviço público (os professores são um exemplo), olham para o futuro através das lentes do movimento Verde. Professores universitários exercendo sua profissão em circunstâncias relativamente confortáveis, e estudantes que ainda não fazem parte da força de trabalho, também se inscrevem facilmente nos Verdes. A longo prazo, a dos Verdes é uma solução enganosa para seus problemas.

Por outro lado, trabalhadores empregados em indústrias em declínio, no negócio de varejo sob condições "flexíveis", que acabam sobrevivendo apenas para trabalhar, nos armazéns de entrega daquelas "empresas de tecnologia" tão elogiadas (como a Amazon) ou em empresas de carga, que trabalham sob condições ligeiramente melhores do que os tradicionais carregadores ou aqueles que constantemente arriscam suas vidas pilotando motos para o inferno, não se voltam para os Verdes, movimento com líderes abastados nas últimas roupas chiques. Os Verdes organizam ações de massa, mas apenas aquelas que são festividades e não atos de luta militante. Festas para as quais até mesmo crianças podem ser levadas, onde todos são entorpecidos sob um falso senso de pacifismo em um mundo cheio de contradições explosivas. E assim que o primeiro morcego desça, quanto mais o tiro de uma arma, eles correrão para a segurança de suas casas suburbanas. Os Verdes não são mais que um gigantesco fardo de algodão.

Os proto-fascistas, por outro lado, são de ferro. Disciplinados, alimentados com o lixo ideológico mais humilde, fascinados pelo sentimento de superioridade que deriva das antigas proezas coloniais da civilização europeia e de seu próprio país, cheios de raiva contra o imigrante e o refugiado, que, segundo eles, lhes roubaram seu trabalho, habitação, educação e serviços de saúde, eles são uma multidão cheia de zelo missionário. A única coisa que falta é sua milícia, suas forças paramilitares, seus bandos de bandidos. Mas é precisamente por isso que não os rotulamos como fascistas, mas como proto-fascistas. O fato de poderem superar essa lacuna num piscar de olhos foi demonstrado em Charlottesville, Virgínia, nos eventos do verão de 2017, ou nas cidades alemãs de Chemnitz e Köthen no outono passado, ou na cadeia de eventos em que trabalhadores imigrantes negros foram atacados (e ocasionalmente mortos) na Itália, depois que Salvini chegou ao poder em um governo de coalizão no ano passado.

Ferro versus algodão. Este é o resultado principal das eleições europeias. Aqueles que abandonam a coluna central do proletariado e se aproximam do movimento da ala moderna e abastada da pequena burguesia, aqueles que se interessam por políticas de identidade, aqueles que continuam tolerando o ataque político neoliberal e globalista na política da burguesia internacional, assim como da UE, como um antídoto ao nacionalismo dos proto-fascistas, serão responsabilizados pelas futuras gerações pelo sucesso do ressurgimento do fascismo no início do século XXI.

Quanto aos marxistas revolucionários, incansavelmente, persistentemente e de maneira disciplinada, lutaremos para construir um partido proletário revolucionário em cada país e uma Internacional operária revolucionária que siga os passos de Marx, Lênin e Trotsky, para poder lutar contra o fascismo não só nas eleições e no mundo das ideias, mas também nas fábricas e locais de trabalho, nas escolas e nas ruas, onde quer que essa luta tenha que ser travada. Pois sabemos que a força que derrotou Hitler e enforcou Mussolini foi o poder combinado da luta dos partisans das classes trabalhadoras e do Exército Vermelho estabelecido pela Revolução de Outubro. Pois também sabemos que hoje, bem por fora dos Verdes e da política de identidade, há uma onda poderosa de rebelião popular e de revolução perambulando pelo mundo da França até a Argélia e do Sudão até o Haiti.